Pegada ecológica portuguesa está acima da média mundial
WWF divulgou hoje o relatório “Planeta Vivo 2010”
Procura humana de recursos naturais está a atingir níveis nunca vistos
Portugal ocupa o trigésimo nono lugar no ranking de países com maiores impactos ambientais relativos ao consumo de recursos naturais. Apesar disso, a pegada ecológica portuguesa diminuiu face a 2005, revela o relatório “Planeta Vivo”, divulgado hoje pela "World Wildlife Fund" (WWF).
"A pegada ecológica per capita de Portugal em 2007 posiciona o país em trigésimo nono lugar", com 4,5 hectares, quando a pegada mundial é de 2,7 hectares, refere a organização de conservação da natureza.
A biocapacidade, indicador relacionado com a capacidade regenerativa do planeta para satisfazer as necessidades da humanidade, é em Portugal de 1,3 hectares por pessoa (ocupa o 85.º lugar entre 124 países) quando em 2005 era de 1,2 hectares. Assim, "Portugal está em défice ecológico”, pois a pegada ecológica, de 4,47 hectares por pessoa, excede o valor da biocapacidade.
"A pegada portuguesa diminuiu em relação a 2005 devido fundamentalmente a reduções da produção a nível nacional, que se traduziram em menores emissões de dióxido de carbono, resultando numa menor pegada de carbono", explica a organização.
Entre 2005 e 2007 existiu uma diminuição da pegada de carbono (que é de 47 por cento do total), da área de floresta, pasto e de construção, enquanto a componente agrícola manteve-se constante, tendo havido um aumento na componente de pesca.
Cada português consome, em média, 6203 litros por dia
Pegada Ecológica para 2007 dos grupos políticos OCDE, ANSA, BRIC e União Africana. No que respeita à pegada hídrica, os últimos dados apontam Portugal como um dos países do mundo (sexto, em 2008) com um valor mais elevado, ao atingir 6203 litros por dia e por habitante. A situação deve-se "à pouca eficiência do sector agrícola nacional, à dependência dos bens agrícolas importados, principalmente de Espanha, e às diferenças geográficas internas, com problemas de escassez de água a sul, em particular na bacia do Guadiana".
O relatório "Planeta Vivo 2010" refere que, em termos globais, o uso de serviços de ecossistemas de água doce "está actualmente para além dos níveis que podem ser sustentados". E as previsões sugerem que a pegada de água continue a aumentar em Portugal, como na maior parte do mundo, tendo como efeito a crescente fragmentação dos rios, a sobre-exploração dos recursos e poluição da água, a que se acrescem os impactos das alterações climáticas.
A WWF aconselha a Portugal a certificação florestal como forma de promover o aumento de áreas florestais "bem geridas", que possam "gerar serviços do ecossistema e produtos directos", referindo os exemplos da cortiça e da pasta de papel. A conservação da biodiversidade utilizando o conceito de áreas de alto valor de conservação e valorização dos serviços do ecossistema é igualmente apontada.
População mundial usa recursos naturais equivalentes a planeta e meio
Mapa mundo da biocapacidade disponível per capita em 2007 (clique para aumentar)O relatório bianual, produzido em colaboração com a "Zoological Society of London" e a "Global Footprint Network", utiliza o índice global planeta vivo para avaliar o estado de conservação de oito mil populações de mais de 2500 espécies. Foi concluído também que as populações estão a usar recursos naturais equivalentes a um planeta e meio, com um consumo “excessivo” e elevadas emissões de dióxido de carbono.
Segundo a WWF, “a procura humana de recursos naturais está a atingir níveis nunca vistos, rondando os 50 por cento acima do que a terra pode oferecer”. A pegada ecológica, um indicador que avalia a utilização da natureza pelas populações, mostra que a “pressão sobre os recursos naturais duplicou desde 1966" e que o Homem está a usar "o equivalente a 1,5 planetas" para suportar as suas actividades.
Pode consultar o relatório "Planeta Vivo 2010" aqui.
Fonte: Ciência Viva
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